terça-feira, 26 de novembro de 2019

A arquitetura externa original da Igreja da Ordem


Sabemos que a Igreja da Ordem foi construída em estilo colonial, como todas as construções da sua época. O estilo que observamos atualmente na maior parte da igreja é do final dos anos 1800, como veremos adiante. Não temos nenhum registro de como a igreja era originalmente.

Ainda quanto às igrejas do Litoral Paranaense, podemos usá-las como base para imaginarmos como deveria ser a arquitetura original da Igreja da Ordem. Em Paranaguá temos as citadas Igreja de Nossa Senhora das Mercês, a catedral de Nossa Senhora do Rosário e a igreja de São Benedito, assim como a nossa igreja-irmã da Ordem Terceira de São Francisco das Chagas, em Paranaguá. As outras cidades do litoral também tem belos exemplos da arquitetura colonial religiosa, como em Morretes as igrejas de São Sebastião de Porto de Cima (apenas a parte do altar-mor, pois a outra parte é mais nova), a igreja de São Benedito, a igreja matriz de Nossa Senhora do Porto, em Antonina as igrejas de Nossa Senhora do Pilar, São Benedito, Bom Jesus do Saivá, em Guaratuba a igreja de Nossa Senhora do Bom Sucesso, e em Guaraqueçaba a igreja de Bom Jesus. Seguem as imagens:


 Igreja da Nossa Senhora das Mercês (1677) - Paranaguá

 Catedral Nossa Senhora do Rosário (1863) - Paranaguá
 

Igreja de São Benedito (1784) - Paranaguá


Igreja da Ordem III de S. Francisco das Chagas (1770) - Paranaguá

 São Sebastião (1779) – Morretes
Ps.: Na lateral desta igreja curiosamente notamos uma janela em forma de estrela de 6 pontas, como na fachada da Igreja da Ordem em Curitiba.

 Igreja de São Benedito (1865) – Morretes

 Nossa Senhora do Porto (1812) – Morretes

 Igreja de São Benedito (1831) - Antonina

 Nossa Senhora do Pilar (1715)- Antonina

 Bom Jesus do Saivá (1837) – Antonina



Nossa Senhora do Bom Sucesso (1771) – Guaratuba


Bom Jesus dos Perdões (1712) - Guaraqueçaba


Observando atentamente as características destas igrejas, podemos notar muitas semelhanças, o que nos ajuda a imaginar a arquitetura da Igreja da Ordem na época em que foi construída, se considerarmos que todas as provisões vinham do litoral, muito provavelmente também os mestres construtures, como o próprio Luiz Palhano de Azevedo, e todas as referências de arquitetura também vinham de lá.

Podemos agora pesquisar um pouco sobre o mestre Luiz Palhano de Azevedo, que as fontes afirmam ser o mestre construtor da Igreja da Ordem. Em uma pesquisa em sites de Genealogia, podemos encontrar Luiz Palhano de Azevedo como nascido em 1687, casado em 1718 em Curitiba com Maria Dias Domingues. Um trabalho de pesquisa da Genealogia dos tropeiros do Sul do País nos séculos XVII, XVIII e XIX, organizado por Cláudio Nunes Pereira em 2006, revela na página 52 que Luiz Palhano de Azevedo era parente (primo, irmão?) de Gaspar Teixeira de Azevedo, capitão-mor de Paranaguá. Portanto, podemos crer que se Luiz Palhano não viveu alguma parte de sua vida no litoral, certamente tinha familiares por lá e deve ter trazido alguma influência em suas obras. Podemos até mesmo imaginar se ele próprio não construiu algumas das igrejas que observamos nas fotos anteriores, ou em alguma outra igreja que já não existe mais. 

Tentando recompor a aparência original externa da Igreja da Ordem, com base nos detalhes das igrejas que apresentei, devemos levar em conta também que ela começou a ser construída pela parte que hoje abriga o altar-mor. A parte mais alta e mais larga da igreja foi feita depois, como era muito comum entre as igrejas da época. A torre não existia até 1884. Alguns detalhes que podemos observar nestas igrejas e imaginar na original fachada da Igreja da Ordem: 


  • O contorno do alto da fachada arredondado (como as de Paranaguá), ou triangular (como as de Morretes) ou mais recurvada (como a de Guaratuba).  
  • As janelas retangulares com o beiral de cima arredondado, e com uma moldura ao redor.
  •  As portas no mesmo formato das janelas.
  • O par de colunas com uma grande base, presente até mesmo na casa Romário Martins, em frente à igreja (também de arquitetura colonial).
  • A abertura na altura do forro da igreja, no alto da fachada, presente em praticamente todas as igrejas. Atualmente possui formato de estrela de seis pontas, mas originalmente podia ser uma flor de 4 pontas, como em algumas das igrejas do litoral.
  • Os pequenos pináculos acima das colunas.
  •   A inexistência de uma rosácea, que na Igreja da Ordem pode ter sido feita no lugar de uma outra janela.

Utilizando como base a atual fachada da igreja, considerando que sua reforma aproveitou a estrutura colonial pré-existente (até mesmo porque temos pistas de que isso foi feito, como as janelas da fachada que não são comuns na arquitetura gótica, mas são na colonial) podemos conceber que a capela de Nossa Senhora do Terço era aproximadamente assim:

Concepção artística da fachada colonial da Igreja da Ordem (à direita) a partir dos traços atuais (à esquerda). Mantive o contorno do telhado, a exata posição das janelas e da porta, removi os elementos góticos e adicionei os elementos coloniais, aos moldes das igrejas do litoral.




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