Sabemos que a Igreja
da Ordem foi construída em estilo colonial, como todas as construções da sua
época. O estilo que observamos atualmente na maior parte da igreja é do final
dos anos 1800, como veremos adiante. Não temos nenhum registro de como a igreja
era originalmente.
Ainda quanto às
igrejas do Litoral Paranaense, podemos usá-las como base para imaginarmos como
deveria ser a arquitetura original da Igreja da Ordem. Em Paranaguá temos as
citadas Igreja de Nossa Senhora das Mercês, a catedral de Nossa Senhora do
Rosário e a igreja de São Benedito, assim como a nossa igreja-irmã da Ordem
Terceira de São Francisco das Chagas, em Paranaguá. As outras cidades do
litoral também tem belos exemplos da arquitetura colonial religiosa, como em
Morretes as igrejas de São Sebastião de Porto de Cima (apenas a parte do
altar-mor, pois a outra parte é mais nova), a igreja de São Benedito, a igreja
matriz de Nossa Senhora do Porto, em Antonina as igrejas de Nossa Senhora do
Pilar, São Benedito, Bom Jesus do Saivá, em Guaratuba a igreja de Nossa Senhora
do Bom Sucesso, e em Guaraqueçaba a igreja de Bom Jesus. Seguem as imagens:
Igreja da Nossa Senhora das
Mercês (1677) - Paranaguá
Catedral Nossa Senhora do Rosário
(1863) - Paranaguá
Igreja de São Benedito (1784) -
Paranaguá
Igreja da Ordem III de S.
Francisco das Chagas (1770) - Paranaguá
São Sebastião (1779) – Morretes
Ps.: Na lateral
desta igreja curiosamente notamos uma janela em forma de estrela de 6 pontas,
como na fachada da Igreja da Ordem em Curitiba.
Igreja de São Benedito (1865) –
Morretes
Nossa Senhora do Porto (1812) –
Morretes
Igreja de São Benedito (1831) -
Antonina
Nossa Senhora do Pilar (1715)-
Antonina
Bom Jesus do Saivá (1837) –
Antonina
Nossa Senhora do Bom Sucesso
(1771) – Guaratuba
Bom Jesus dos Perdões (1712) -
Guaraqueçaba
Observando atentamente
as características destas igrejas, podemos notar muitas semelhanças, o que nos
ajuda a imaginar a arquitetura da Igreja da Ordem na época em que foi
construída, se considerarmos que todas as provisões vinham do litoral, muito
provavelmente também os mestres construtures, como o próprio Luiz Palhano de
Azevedo, e todas as referências de arquitetura também vinham de lá.
Podemos agora
pesquisar um pouco sobre o mestre Luiz Palhano de Azevedo, que as fontes
afirmam ser o mestre construtor da Igreja da Ordem. Em uma pesquisa em sites de
Genealogia, podemos encontrar Luiz Palhano de Azevedo como nascido em 1687,
casado em 1718 em Curitiba com Maria Dias Domingues. Um trabalho de pesquisa da
Genealogia dos tropeiros do Sul do País nos séculos XVII, XVIII e XIX,
organizado por Cláudio Nunes Pereira em 2006, revela na página 52 que Luiz
Palhano de Azevedo era parente (primo, irmão?) de Gaspar Teixeira de Azevedo,
capitão-mor de Paranaguá. Portanto, podemos crer que se Luiz Palhano não viveu
alguma parte de sua vida no litoral, certamente tinha familiares por lá e deve
ter trazido alguma influência em suas obras. Podemos até mesmo imaginar se ele
próprio não construiu algumas das igrejas que observamos nas fotos anteriores,
ou em alguma outra igreja que já não existe mais.
Tentando recompor a
aparência original externa da Igreja da Ordem, com base nos detalhes das
igrejas que apresentei, devemos levar em conta também que ela começou a ser
construída pela parte que hoje abriga o altar-mor. A parte mais alta e mais
larga da igreja foi feita depois, como era muito comum entre as igrejas da
época. A torre não existia até 1884. Alguns detalhes que podemos observar
nestas igrejas e imaginar na original fachada da Igreja da Ordem:
- O contorno do alto da fachada arredondado (como as de Paranaguá), ou triangular (como as de Morretes) ou mais recurvada (como a de Guaratuba).
- As janelas retangulares com o beiral de cima arredondado, e com uma moldura ao redor.
- As portas no mesmo formato das janelas.
- O par de colunas com uma grande base, presente até mesmo na casa Romário Martins, em frente à igreja (também de arquitetura colonial).
- A abertura na altura do forro da igreja, no alto da fachada, presente em praticamente todas as igrejas. Atualmente possui formato de estrela de seis pontas, mas originalmente podia ser uma flor de 4 pontas, como em algumas das igrejas do litoral.
- Os pequenos pináculos acima das colunas.
- A inexistência de uma rosácea, que na Igreja da Ordem pode ter sido feita no lugar de uma outra janela.
Utilizando como base a
atual fachada da igreja, considerando que sua reforma aproveitou a estrutura
colonial pré-existente (até mesmo porque temos pistas de que isso foi feito,
como as janelas da fachada que não são comuns na arquitetura gótica, mas são na
colonial) podemos conceber que a capela de Nossa Senhora do Terço era
aproximadamente assim:
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