quarta-feira, 13 de novembro de 2019

O Campanário


Vimos anteriormente uma concepção artística de como deveria ser a Igreja da Ordem em sua original arquitetura colonial. Agora, como foi dito, ela já apresentava características neogóticas, as mesmas que vemos ainda hoje. Porém, ainda não tinha a sua torre, que é um dos elementos mais marcantes da sua atual configuração. 

Podemos imaginar agora a Igreja da Ordem em meados de 1880, da forma como o Imperador Dom Pedro II a conheceu, com o Largo da Ordem ao redor, já com os primeiros casarões, porém ainda com algumas construções da época colonial.
Representação da Igreja da Ordem sem o campanário
Lustosa ampliou a igreja e lhe deu características neogóticas

Simulação artística do Largo da Ordem nos anos 1880

Podemos observar nas simulações acima que desenhamos a igreja com sua rosácea contendo um desenho diferente, assim como vitrais coloridos. Temos notícias de que a igreja possuia vidros coloridos através de uma notícia de uma reforma recente, em que “foram retirados os vitrais”. E em uma foto antiga podemos ver o desenho da rosácea em linhas mais retas, diferente da atual.

Mas as primeiras fotografias da igreja datam do século XX, e nossa história ainda está em 1880.

Antonio Lustosa narra em sua Breve Notícia que também mandou construir uma galeria ao lado da igreja, capaz de acomodar “quase cinquenta senhoras”. Provavelmente se trate do espaço que foi transformado em museu pela Fundação Cultural 100 anos depois. O projeto dessa galeria contou com ajuda de Roberto e João Motter.

O novo passo seria a construção do Campanário. Os quatro anos seguintes foram de intensa arrecadação de fundos, certamente graças ao empenho de Antonio Lustosa na câmara e pela cidade. Os jornais publicavam com frequência as doações, como podemos reparar na sequência de recortes a seguir:


 O Dezenove de Dezembro, edição 18 de 1882

 

O Dezenove de Dezembro, edição 62 de 1882
O Dezenove de Dezembro, edição 69 de 1882

O Dezenove de Dezembro, edição 92 de 1882

O Dezenove de Dezembro, edição 08 de 1883

O Dezenove de Dezembro, edição 20 de 1883

O Dezenove de Dezembro, edição 23 de 1883

O Dezenove de Dezembro, edição 71 de 1884

Acompanhando as notícias dos jornais podemos saber o desenrolar de toda a construção da torre. Sabemos que no dia 16 de Abril de 1882 foi lançada a pedra fundamental, e que os empresários da Erva Mate doaram os dois grandes sinos que foram instalados, como pudemos ver nos recortes acima, em 14 de Março de 1883. Até que finalmente é inaugurada a torre no dia 3 de Fevereiro de 1884!
 O Dezenove de Dezembro, edição 30 de 1883

O Dezenove de Dezembro, edição 30 de 1884

Agora a Igreja da Ordem estava completa, da forma como a conhecemos! Antonio Lustosa cumpriu o seu objetivo com muito louvor, e merecidamente foi ovacionado pelos cidadãos.

Nesse processo todo a nova igreja Matriz ainda estava em construção, e toda a vida religiosa do centro da cidade girava em torno da Igreja da Ordem e do Rosário. Diversas eram as novenas e festas religiosas divulgadas nos jornais, relatando grande participação do povo. Talvez por isso foi tão generosa a participação dos curitibanos na construção da torre.
 

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