quinta-feira, 14 de novembro de 2019

O órgão de tubos


Entre as coisas que foram incorporadas à Igreja da Ordem para a visita de Dom Pedro II estão os dois lustres de cristal e o órgão de tubos, todos existentes até hoje.



Este órgão, considerado o mais antigo de Curitiba, é por si misterioso. Sabemos que está na igreja desde 1880, mas não se sabe de onde veio, nem quem o fez. Ele contém uma placa com a inscrição “J. Franc. Hertel – Curityba”, mas possui diversos vestígios de que foi montado a partir de outros instrumentos já existentes.

Podemos crer que Hertel tenha realizado a montagem do instrumento na igreja, apesar de não termos vestígios de sua loja nos jornais antes de 1900, mas é pouco provável que ele tenha construído o órgão totalmente. Certamente deve ter adquirido partes de instrumentos anteriores, já desmontados, para montar o que até hoje se escuta na Igreja da Ordem.

Nesta época eram raros os órgãos em Curitiba, apesar de haverem já muitos pianos. Sabemos, por meio de uma nota no livro tombo da antiga Matriz, que havia um órgão lá. Ela foi demolida em 1876, tendo-se transferido tudo dela para a igreja do Rosário. 

Por outro lado, existem teorias de que o órgão da Igreja da Ordem teria vindo da igreja do Rosário. Então podemos crer que o instrumento que está no côro da Igreja da Ordem já esteve na Igreja Matriz, sendo ouvido pelas mais antigas gerações de curitibanos. 

Porém, essa teoria não é compatível com o fato de Hertel tê-lo montado, pois não existe nenhum vestígio de seus trabalhos com instrumentos nos anos de 1870. 



Anúncio de J. F. Hertel na publicação “O Olho da Rua” edição 42 de 1908

Uma teoria plausível, diante desses fatos, é: Hertel pode ter aproveitado as peças do antigo órgão da igreja Matriz, que estava agora no Rosário, para assim montar um novo instrumento para a Igreja da Ordem. Sabemos, por exemplo, que foi usado o móvel (e provavelmente as teclas) de um antigo harmônio. De onde veio esse harmônio? Sabemos que a estrutura gótica da fachada não pertenceu ao mesmo instrumento que teve as demais flautas do órgão. De onde veio a fachada? De onde vieram as flautas? Provavelmente jamais saberemos.

Independente de onde suas peças vieram e quem as tenham fabricado, o órgão da Igreja da Ordem foi ouvido pelo Imperador e continuou a ser ouvido pelas gerações de curitibanos até hoje.
 


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