Entre as coisas que
foram incorporadas à Igreja da Ordem para a visita de Dom Pedro II estão os
dois lustres de cristal e o órgão de tubos, todos existentes até hoje.
Este órgão,
considerado o mais antigo de Curitiba, é por si misterioso. Sabemos que está na
igreja desde 1880, mas não se sabe de onde veio, nem quem o fez. Ele contém uma
placa com a inscrição “J. Franc. Hertel – Curityba”, mas possui diversos
vestígios de que foi montado a partir de outros instrumentos já existentes.
Podemos crer que
Hertel tenha realizado a montagem do instrumento na igreja, apesar de não
termos vestígios de sua loja nos jornais antes de 1900, mas é pouco provável
que ele tenha construído o órgão totalmente. Certamente deve ter adquirido
partes de instrumentos anteriores, já desmontados, para montar o que até hoje
se escuta na Igreja da Ordem.
Nesta época eram raros
os órgãos em Curitiba, apesar de haverem já muitos pianos. Sabemos, por meio de
uma nota no livro tombo da antiga Matriz, que havia um órgão lá. Ela foi
demolida em 1876, tendo-se transferido tudo dela para a igreja do Rosário.
Por outro lado,
existem teorias de que o órgão da Igreja da Ordem teria vindo da igreja do
Rosário. Então podemos crer que o instrumento que está no côro da Igreja da
Ordem já esteve na Igreja Matriz, sendo ouvido pelas mais antigas gerações de
curitibanos.
Porém, essa teoria não
é compatível com o fato de Hertel tê-lo montado, pois não existe nenhum
vestígio de seus trabalhos com instrumentos nos anos de 1870.
Anúncio de J. F. Hertel na
publicação “O Olho da Rua” edição 42 de 1908
Uma teoria plausível,
diante desses fatos, é: Hertel pode ter aproveitado as peças do antigo órgão da
igreja Matriz, que estava agora no Rosário, para assim montar um novo
instrumento para a Igreja da Ordem. Sabemos, por exemplo, que foi usado o móvel
(e provavelmente as teclas) de um antigo harmônio. De onde veio esse harmônio?
Sabemos que a estrutura gótica da fachada não pertenceu ao mesmo instrumento
que teve as demais flautas do órgão. De onde veio a fachada? De onde vieram as flautas?
Provavelmente jamais saberemos.
Independente de onde
suas peças vieram e quem as tenham fabricado, o órgão da Igreja da Ordem foi
ouvido pelo Imperador e continuou a ser ouvido pelas gerações de curitibanos
até hoje.
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