Em 1876 Lustosa assume
as obras da Igreja de São Francisco das Chagas, a pequena capela colonial em
estado precário, que naquele ano já contava com 139 anos.
Lustosa passa três
anos captando recursos, que obtem com ajuda dos presidentes provinciais Rodrigo
Menezes e Manoel Dantas Filho. O sucesso da captação de recursos, anunciada
quase diariamente nos jornais, tinha um bom motivo: a visita do Imperador Dom
Pedro II.
A poucas milhas dali,
na atual praça Rui Barbosa, estava sendo concluído um grande hospital, a Santa
Casa de Misericórdia, que seria inaugurado por ninguém menos que Sua Majestade
Imperial e sua digníssima esposa, a Imperatriz, com visita agendada para o ano
de 1880. Sendo católico, fazia parte da agenda das visitas imperiais assistirem
à Missa.
Acontece que a nova
Matriz não ficaria pronta em 4 anos, e a igreja do Rosário, apesar de ser a
única que em 1876 estava em boas condições, ainda assim não estava digna de
receber uma visita tão importante. Por esse motivo, a sociedade curitibana se
empenhou em adequar a última opção que lhes restava: a Igreja da Ordem
Terceira. E o responsável por executar isso foi Lustosa.
Sua obra “Breve Notícia sobre a Igreja da Ordem III de
S. Francisco das Chagas”, de 1880, relata em detalhes esse seu trabalho.
Descreve que mandou abrir 26 pequenas janelas para iluminação interna, refaz a
fachada, o forro, coloca novas escadas no púlpito e no côro, além de dois
lustres franceses de cristal. Foi também previsto um campanário, mas esse
demoraria um pouco a ser concluído.
Entre 1876 e 1880 os
jornais anunciavam diversas doações feitas em prol das reformas da Igreja da
Ordem, inclusive espetáculos de circo e teatro eram realizados para juntar
recursos.
Dois dos vários anúncios
publicados no Dezenove de Dezembro
Foi com essa reforma
profunda que a Igreja da Ordem muda seu visual. Com auxílio do arquiteto
francês Affonse Conde des Plas, as aparências coloniais são substituídas pelo
estilo que estava na moda naquela época: o Neogótico.
Formas ogivais nas
janelas, pequenos torreões na fachada, um grandioso pórtico, vitrais, uma
rosácea circular no centro, além de vários relevos na fachada, e internamente o
teto recurvado de madeira foi substituído por um mais alto, de gesso, com
nervuras imitando as abóbadas góticas, sendo a área depois pintada e decorada.
As paredes brancas foram pintadas de forma a imitarem grandes tijolos de pedra,
foram esculpidos 12 capitéis no alto das paredes, como imitando 12 colunas, ampliação
da capela-mor e foi trazido um pequeno mas belo órgão de tubos, de quem
falaremos mais tarde. O côro foi feito com ajuda e projeto de Luiz Gaetner.
Essas foram as grandes mudanças na Igreja da Ordem, que rendeu elogios públicos
a Lustosa, como podemos observar neste texto publicado no Dezenove de Dezembro:
O Dezenove de Dezembro, edição
1963 de 1879
No dia 9 de Maio, às
vésperas da visita imperial, a igreja foi novamente benta em uma solene missa
cantada pelo padre João Baptista Ferreira Bello, tendo o evangelho pregado pelo
padre João Evangelista Braga.
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