domingo, 17 de novembro de 2019

Antonio Lustosa e a grande reforma


Em 1876 Lustosa assume as obras da Igreja de São Francisco das Chagas, a pequena capela colonial em estado precário, que naquele ano já contava com 139 anos.

Lustosa passa três anos captando recursos, que obtem com ajuda dos presidentes provinciais Rodrigo Menezes e Manoel Dantas Filho. O sucesso da captação de recursos, anunciada quase diariamente nos jornais, tinha um bom motivo: a visita do Imperador Dom Pedro II.

A poucas milhas dali, na atual praça Rui Barbosa, estava sendo concluído um grande hospital, a Santa Casa de Misericórdia, que seria inaugurado por ninguém menos que Sua Majestade Imperial e sua digníssima esposa, a Imperatriz, com visita agendada para o ano de 1880. Sendo católico, fazia parte da agenda das visitas imperiais assistirem à Missa. 

Acontece que a nova Matriz não ficaria pronta em 4 anos, e a igreja do Rosário, apesar de ser a única que em 1876 estava em boas condições, ainda assim não estava digna de receber uma visita tão importante. Por esse motivo, a sociedade curitibana se empenhou em adequar a última opção que lhes restava: a Igreja da Ordem Terceira. E o responsável por executar isso foi Lustosa.

Sua obra “Breve Notícia sobre a Igreja da Ordem III de S. Francisco das Chagas”, de 1880, relata em detalhes esse seu trabalho. Descreve que mandou abrir 26 pequenas janelas para iluminação interna, refaz a fachada, o forro, coloca novas escadas no púlpito e no côro, além de dois lustres franceses de cristal. Foi também previsto um campanário, mas esse demoraria um pouco a ser concluído. 

Entre 1876 e 1880 os jornais anunciavam diversas doações feitas em prol das reformas da Igreja da Ordem, inclusive espetáculos de circo e teatro eram realizados para juntar recursos. 

 


Dois dos vários anúncios publicados no Dezenove de Dezembro

Foi com essa reforma profunda que a Igreja da Ordem muda seu visual. Com auxílio do arquiteto francês Affonse Conde des Plas, as aparências coloniais são substituídas pelo estilo que estava na moda naquela época: o Neogótico. 

Formas ogivais nas janelas, pequenos torreões na fachada, um grandioso pórtico, vitrais, uma rosácea circular no centro, além de vários relevos na fachada, e internamente o teto recurvado de madeira foi substituído por um mais alto, de gesso, com nervuras imitando as abóbadas góticas, sendo a área depois pintada e decorada. As paredes brancas foram pintadas de forma a imitarem grandes tijolos de pedra, foram esculpidos 12 capitéis no alto das paredes, como imitando 12 colunas, ampliação da capela-mor e foi trazido um pequeno mas belo órgão de tubos, de quem falaremos mais tarde. O côro foi feito com ajuda e projeto de Luiz Gaetner. Essas foram as grandes mudanças na Igreja da Ordem, que rendeu elogios públicos a Lustosa, como podemos observar neste texto publicado no Dezenove de Dezembro:

O Dezenove de Dezembro, edição 1963 de 1879

No dia 9 de Maio, às vésperas da visita imperial, a igreja foi novamente benta em uma solene missa cantada pelo padre João Baptista Ferreira Bello, tendo o evangelho pregado pelo padre João Evangelista Braga.


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