Entra aqui mais um
nome para nunca ser esquecido na história da Igreja da Ordem: Antonio Ricardo Lustosa de Andrade. Seu
pai, Ricardo Lustosa, havia reparado o teto que desabou em 1835.
Antonio nasceu em
Curitiba no ano de 1823, filho de Ricardo Lustosa de Andrade e Francisca das
Chagas Carrão. Foi um dos grandes nomes de sua época, chegando aos cargos de
secretário do governo da Província, tesoureiro da Tesouraria Geral da Fazenda,
foi deputado provincial diversas vezes, colaborou nos jornais “O Dezenove de Dezembro” e “Província do Paraná”, além de ser grande
conhecedor de assuntos de agricultura, catequese e povos indígenas, chegando
até mesmo a escrever uma importante obra sobre a incorporação dos indígenas à
sociedade.
Este grande curitibano
herdou de seu pai a responsabilidade pela Igreja da Ordem Terceira, e tinha
grande preocupação com o patrimônio histórico, muito antes de serem criados
órgãos do governo para este fim. Grande foi sua trizteza ao acompanhar a
maneira descuidada com que se demoliram a antiga Matriz, chegando a relatar no
seu livro – a Breve Notícia sobre a
Igreja da Ordem III de São Francisco das Chagas – que muitos dos materiais
da igreja demolida ainda estavam em bom estado e poderiam ser reaproveitados.
Ele mesmo utilizou uma das vigas nas reformas que faria na Igreja da Ordem.
Os artigos abaixo, publicados
no jornal “Província do Paraná”,
sobre a demolição da Matriz provavelmente devem ter sido escritos por ele
(apesar de ter assinado como “um do povo”). Ao contrário do “O Dezenove de Dezembro”, que louvava as
decisões de Lamenha Lins, esse outro jornal lamentava profundamente a demolição
da Matriz. Veja abaixo apenas alguns trechos das edições 03 e 04 de 1876.
Província do Paraná, edição 03 de
1876
Província do Paraná, edição 04 de
1876
As edições seguintes desse mesmo jornal estamparam um extenso debate
entre o autor desses artigos e a comissão da demolição da antiga Matriz, sempre
lamentando e afirmando que a ruína total não era necessária.
Sendo Antonio Lustosa
ou não, o fato é que ele expressou descontentamento em sua Breve Notícia, e para nós isso basta sabermos. Agora voltemos a
nossa história.
Ainda antes de Antonio
Lustosa assumir a responsabilidade pela Igreja da Ordem, ela havia sido
reparada do Coronel Benedito Eneas de Paula (que mais tarde seria homenageado
com seu nome batizando o próprio Largo da Ordem) e o padre Izaías Ribeiro de
Andrade na década de 1860, e a captação de recursos da Província para isso foi
noticiada no jornal. Mas as obras estavam longe de acabar, principalmente com o
início das obras na Matriz em 1876.
Para termos uma ideia
da situação da Igreja da Ordem nessa segunda metade do século XIX, os
imigrantes poloneses, ao chegarem a Curitiba, receberam como capela a Igreja da
Ordem, que já não abrigava mais a Ordem Terceira. Em 1865 o padre Ludovico
Przgtanky, capelão dos poloneses, chega na Igreja e fica horrorizado com sua
situação, fechando-a e nunca mais voltando. Isso nos ajuda a entender o empenho
em recuperá-la nos anos que seguiram.
Estamos agora no final
da década de 1870, com a Matriz demolida e suas atividades transferidas para a
Igreja do Rosário, apressadamente adequada para este fim, enquanto a Igreja da
Ordem passava por reparos frequentes. É aqui que Antonio Lustosa entra de fato
para a nossa história.
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